
As questões organizacionais nunca foram objecto de tanta divulgação e tanta especulação como nos nossos dias. Se, no período posterior à II Guerra Mundial, a competitividade empresarial assentava em factores de produção fundamentalmente de natureza tangível, na última década do século, em resultado de uma continuada profusão de tecnologias por todos os sectores da actividade económica, os principais factores diferenciadores são essencialmente intangíveis, passando cada vez mais por questões organizacionais e de coordenação entre as entidades envolvidas em complexos processos de cooperação.
As últimas três ou quatro décadas foram particularmente profícuas no aparecimento de novas estratégias de produção e organização. Na origem destas novas lógicas produtivas e organizacionais estão as limitações de um quadro-tipo dominado pela doutrina da administração científica do trabalho (Frederick Taylor) e da estrutura organizacional (Henri Fayol e Max Weber), implementado em larga escala na primeira metade do século, com a preocupação única de se conseguir uma cada vez maior eficiência produtiva.
A segunda metade do século transmite-nos uma ideia clara de mudança, em que a nova lógica dominante é a competição e o desenvolvimento económico das nações industrializadas. De uma época, a dos anos 50/60, em que o ênfase da competitividade se centrava nos custos de produção, passou-se para uma fase em que a saturação do mercado conduziu a uma inflexão para as questões de marketing e, posteriormente, para factores tais como a qualidade e a fiabilidade dos produtos. A década de 90 assistiu a uma nova mudança, de acordo com a qual a vantagem competitiva é marcada pela ideia-chave de resposta rápida às solicitações do mercado (time to market). Assim, emergiram novos conceitos, tais como: supply chain management, lean production, world class manufacturing e agile manufacturing (Jagdev e Browne, 1998) .
Para se manterem competitivas, as empresas tendem a evoluir progressivamente para formas de organização mais globais, com uma especial preocupação no que respeita à maior variabilidade da procura, à proliferação de novas tecnologias (que permitem reduzir substancialmente os tempos de desenvolvimento e produção de novos produtos, cada vez mais complexos), às novas exigências no tempo de resposta às solicitações dos clientes e ao aumento substancial da qualidade.
A continuada proliferação de tecnologias de informação em todos os sectores de actividade económica permitiu a transição de uma competitividade centrada em factores de natureza tangível para uma competitividade em que a ênfase é colocada nas questões organizacionais e de coordenação e cooperação.
Este quadro geral conduziu naturalmente a novos paradigmas organizacionais, caracterizados por uma maior concentração das empresas nas suas competências e actividades principais (core competencies) e pelo estabelecimento de redes de cooperação com entidades externas3, desde fornecedores a clientes, em que as actividades de coordenação e colaboração assumem naturalmente uma enorme importância, conduzindo consequentemente a desafios de grande complexidade.
Esta tendência de desintegração vertical, ou de “desagregação”, de competências, visando uma maior adaptação a um mercado cada vez maior e simultaneamente mais disperso, tem sido objecto de alargada investigação nas últimas duas décadas. A figura 1.8 ilustra a tendência de desagregação vertical, como consequência da globalização da economia e da emergência de novas formas de organização. A teoria económica neoliberal prefere, por isso, a cooperação à competição, quer entre empresas, quer, a um nível mais alargado, entre nações, considerando essa opção mais vantajosa e mais promissora em qualquer cenário económico (Pontrandolfo e Okogbaa, 1999) .
A exploração e a intensificação da cooperação, nomeadamente através de modelos de negócio baseados em redes de empresas, surge como resposta das organizações aos novos fenómenos que promovem e intensificam a competitividade.
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